sábado, 30 de julho de 2011

Sábado.

Não vá assim tão calado
Olha-me nos olhos
E então diga-me o que tens
Se queres amor será amado
Pois a ti tenho afeto em demasiado, meu bem

Não fala-me de ciúme
Não me olhes com esses olhos
Lembre-se que já é de teu modo
Falar-me daquilo que desprezo

Não faça-se de vítima
Pois tu sabes que te quero bem
Eu tenho em mim essa loucura
De ser sua ou ser de ninguém

Digo-te agora para que sente-se comigo
Dá-me teu braço
Faz-me rir com teu sorriso
Deixa eu brincar com seus dedos
Sabes o quanto de ti eu preciso

Cale essas vozes malditas
Que te afastam de mim
Fecha a porta do nosso quarto
Deite-se comigo e deixa tudo assim

Pois amanhã ainda está distante
E somos jovens demais
Coloque nossa foto em sua estante
E viva comigo até o amor se findar

sábado, 23 de julho de 2011

Natureza.

Fixou o olhar no horizonte, e seus pensamentos reagiram instantaneamente ao estimulo natural, que mesmo que primitivo tinha a força do mais avançado dos recursos científicos. Imaginando um outro mundo, de formas mais amenas, de pensamento menos hostil, banhado numa dor menos profana, numa crueldade menos cruel. Imaginando o pensamentos das árvores, o caminho incerto que elas seguiam sendo apenas o que eram sem preocupação alguma, nem sequer com o entardecer.
Queria libertar-se das amarras e ser parte única e integrada do horizonte que se estendia, queria amor, queria negar ao pensamento, negar a humanidade, negar o que era em todos seus sentidos, em todas suas formas, em toda sua mente. Queria remoldar a humanidade em formas menos dolorosas.
Desistiu de sua utopia, recriou a realidade. Olhou nos olhos humanos em toda a parte e sorriu pela crueldade que se deitava sob seu rosto, sorriu diante do fascínio que lhe era mostrado, pelas peripécias humanas cheias de humanidade, pelos erros certos e pelos acertos errados.
Estruturou de novo sua mente, pela falta de compaixão, pela morte dos inocentes, pela dor e pela lágrima. Sorriu pelo fracasso, sorriu pelos erros, sorriu pelo mal e pelo apelo não ouvido dos oprimidos.
Através do sonho de mudança inalcançável, pelas quimeras políticas e religiosas, pela valorização daquilo que se reprime, pela desanimalização do que é homem, criou uma nova tragédia, gloriosa em seus erros, cheia de falta, cheia de nada, lotada pelo declínio do pensamento, lotada pelo declínio dos valores, reformulados sob uma nova perspectiva, sem o bem, sem o mal, sem o ruim, sem o bom, com o humano, apenas humano em demasia, humano cego e defeituoso, imperfeito e fracassado.
Deitou-se sob o que lhe foi criado dentro da mente e sorriu. Chorou pelo gosto, afagou o chão, afagou o nada, e fixou-se novamente no horizonte, cheio de dúvidas, cheio de falta, de indagações. Olhou para o infinito azul, avisando o mundo de que nada ali havia, além de um infinito secreto de reações naturais, de coincidências felizes e de surpresas fadadas a um novo recomeço. Sorriu para o céu, feliz pela ausência de vida que ali se fazia existir.
Dormiu sob o céu morto, sob o desgosto, sob o que o homem sabe fazer de melhor. Dormiu sob as guerras, sob a moral, sob a honra, sob os defeitos que Deus criou. Dormiu sob o mal, sob a desavença, sob o bem, sob os sorrisos. Dormiu ínfimo. Acordou impuro e tomou de novo o gosto pelo que é vil e humano, pelo que é natural e bom e pelo que ele havia se tornado pela desventura de ser.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Incerto Saber .

Incerteza voraz
Morde o tempo, morre lento
Sem discrição
Torna-se incapaz
De sorrir em plenitude
De banhar-se nos açudes
De infinito ser
Insônia mórbida
Trapaceira insana
Incerto destino
Que te leva pra cama
Fazendo-te um filho
Filho de quem?
Quem está no trilho?
Quem é de ninguém?
Abençoada a dúvida
Do sorriso acanhado
Do verão gelado
Da água sem rio
Onde busca um porto?
Onde busca um porto?
Teu corpo, quase morto
Torna-se menos vil
De que vale aquilo
Que aprecias sem saber
Essas notas em descompasso
Tornam-se a fuga
De quem não quer se esconder
Mostra o teu rosto
Tua face, teu gosto
Mostra o calibre manhoso
Que embutira em teu ser

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Bloqueio mental e poemas.

Devido à algum motivo que ainda desconheço, estou sofrendo de um enorme bloqueio mental. Não me sinto criativa, ou produtiva, as coisas não saem como deveriam sair e tudo trava antes de ser passado para o papel. De fato, estou tendo alguma espécie de crise existencial na minha escrita, e em partes, na minha vida pessoal também, uma coisa deve afetar a outra e tudo se torna uma bola de neve.
Nada está bem, tanto para mim, quanto para o mundo criativo onde eu costumo voar para criar aquilo que para mim não se concretiza na realidade. Minha escrita é uma forma de esteio, ponto de fuga, válvula de escape. É nela que eu vejo refletido aquilo tudo que eu gostaria de saber expressar, mas não posso.
Sempre gostei de escrever, e talvez esses últimos dias só estejam me servindo para dar uma pausa e uma realinhada nos pensamentos. Sei que enquanto eu for capaz eu vou voltar para minha terra fantástica onde eu sou o que quero, reclamo do que quero, faço o que quero, e muitas vezes, ninguém fica sabendo. É tudo uma questão de publicar ou não aquilo que escrevi.
Para compensar a falta de conteúdo atraente por aqui, eu resolvi fazer algo que já pensava fazer há algum tempo atrás: resolvi postar uns poemas. É, minha escrita tradicional é em prosa, e eu realmente tenho muito mais facilidade para me expressar dessa maneira, versos são um enigma para mim. Agradeço ao Modernismo que tirou as rédeas e deixou a escrita livre, como tinha que ser. Mesmo assim acho meus poemas pouco atraentes, meio frustrantes, na realidade. Acontece, que apesar de todo meu desgosto pela minha obra em versos, eu costumo escreve-los em momentos vazios.
Eu mantenho um apanhado de poemas que eu mesma escrevi desde quando eu nem lembro. Devia ter no máximo 11 anos quando escrevi o primeiro. De tempos em tempos, pego tudo, passo a limpo, e nunca deixo ninguém ver. Selecionei os melhores nessa minha própria coleção e vou publica-los conforme me for possível.   A partir de agora não vai ficar com vocês só aquilo que me passou de recente na cabeça, mas sim uma porção de pedaços de mim de tempos anteriores.
Existe infantilidade em algumas partes, romantismo demasiado em outras, porém, todavia, é visível que eu escrevi tudo, devido ao uso de algumas palavras que eu sempre tive apresso, a maneira de conjugar os tempos nos verbos, e outras coisas mais.
É isso. :)

terça-feira, 5 de julho de 2011

Me intriga a maneira que os pensamentos tendem a se construir de maneira esplêndida em nossa mente nas horas menos apropriadas. Durante o banho, o café, o almoço, o jantar, antes de dormir. Eles vêm e formam redes absurdamente maravilhosas em nossas cebeças, depois espatifam-se como um cristal e nunca mais voltam a ter a forma que tinham nesses momentos inapropriados.