segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Tristeza das horas.

O que quis o tempo
Brincando com a gente
Nesse ritmo sonolento
Sem zelo aparente
Dando meias voltas
Fingindo ser o que seria
Obrigando dar as costas
Para a imensidão que anuncia
Faz crer numa resposta
Fúnebre e inerte
Numa mobilidade quase morta
Para os olhos de quem é gente
Desentendimentos da essência
Aparências controversas
Cada mínimo detalhe
Para o tempo é uma festa
Quem me dera mostrasse o rosto
Esse tal de tempo bobo
Quisera eu ter o gosto
De entender seu desenrolo
Esse herói de mentira
Que faz nada e ganha aplauso
O que me resta alucina
Aqueles que não compreendem a ilusão

De todas as ilusões
Qual é a mais verdadeira
Esse tempo meio morto
Ou o chão no pé
De brincadeira
Que o tempo fique fora
Da minha compreensão de menina
Que eu só o queira de volta
Quando a beleza estiver de partida
Porque a verdade do tempo
Vem me trazendo na mente umas rugas
E no coração um desalento

domingo, 13 de novembro de 2011

Domingo.

E se o positivo
Pode negativar a coisa toda
Por que então o comum inciso
Não levaria a outra coisa
E se o poder corrompe
É porque de positivo
Todo mundo teve uma dose
E se a vida some
É porque não há mais nenhum gozo
E o nada permanece aflito
Por ser o vácuo da existência
Que no ruinar de seu grito
Cria então toda essência
Porque o que libera
É o mesmo que tira
O estado de consciência
E o consciente alucina
Pela volta da inocência
E se parar a doença
O contrário, a revolução
Que abram-se os muitos
Defecando na televisão
Se o calar agora é moda
Fiquem todos quietos então
Idealização não morre
Sofre apenas coerção
E que a criatividade seja inibida
Pelo preço da produção
Que o comum não seja interpretado
E os rumos sejam dados então

De essência.

Só quem vai - pode e deve- entender esse amontoado solto de palavras é quem o lerá. Essas palavras que aqui vos falam já não pertencem mais à sua autora. Não são mais minhas, a linguagem que eu pretendia criou vida e agora pertence a ela mesma como uma verdade universal, para ela e ninguém mais. A minha verdade termina no desenhar de cada letra. Fica parada em mim, nas pontas dos dedos e nem sequer alcançam a caneta, manuseiam-na com intimidade profana, mas também a caneta meus dedos jamais entenderão.
Agora em relação às palavras, ao desenho no papel, cada uma das letras tem um curso dinâmico próprio e peculiar. Cada letra dança para si por entre as linhas e você jamais as entenderá por completo, pois também está cheio da essência própria que te faz verdadeiro em cada ideal mal preparado, em cada julgamento individual. Tua verdade é, para mim, indiscutível, mesmo que mutável, porque é sua e eu jamais irei captar com a integridade necessária para fazer da tua verdade a minha também.
Não capto a verdade das minhas próprias palavras, quiçá do objeto com o qual as escrevo e, portanto, jamais serei a verdade de outro ser humano. A pluralidade é infinita perante a pequenez humana, tanto quanto a falta de estabilidade presente em cada ação humana, e esta jamais será imparcial, quiçá justa perante ao infinito de interpretações que podem assumir a seu respeito.
Se é nula a minha capacidade de captar uma verdade absoluta para qualquer uma das coisas que consigo assimilar apenas com os sentidos, como poderia eu encarar uma verdade absoluta sobre essa estranha força que nenhum homem jamais pode descrever a essência? Tudo tende à essa mesma organização, a filosofia humana não é, e jamais será suficiente para entender os conceitos de tal organização que não pode ser descrita apenas em linguagem humana- essa força é apenas o refúgio de determinadas condutas morais para disseminar o sentimento de ordem dentro de uma sociedade.
Mas o que é realmente isso que sinto como o grande e inexplicável vazio, é também a grande resposta da eterna procura humana. Jamais meu vazio será sanado, assim como procura humana jamais será finalizada, pois tirará o sentido de humanidade da coisa e então não mais será a incógnita que transcende os sentidos e a capacidade racional humana - será racionalizado em demasia. Tal força incógnita só tem nome de força por não haver vocábulo mais próximo - nem força, nem qualquer outra palavra assumiria o significado correto disso - ela é a essência daquilo que nos torna crédulos de qualquer coisa criada pelo homem, pelo fato desta ser assimilada com maior facilidade pelas nossas mentes ainda tão pouco abertas.
A falta de explicações agonia os anseios humanos, que então deleitam-se racional e sensitivamente na clausura de determinadas ideologias para assumir a ideia de uma verdade absoluta e coletiva, torna-nos aquilo que somos e acreditamos.
Se essa força que exacerba qualquer hipótese dentro da nossa capacidade de compreensão nos fosse revelada, ainda sim iríamos analisa-la e compreende-la como uma verdade individual.
O que mais nos aproxima de fato com a existencia de tal força, e justamente a parte menos explicável do comportamento humano, é aquilo que não segue método científico ou conduta moral - se organiza em nós como a parte que faz todo o resto atuar de maneira simples, porque a humanidade nunca esteve preparada para a grandeza incerta de si mesma, e nem para a certeza de uma verdade absoluta que compreenda a peculiaridade de cada uma das essências humanas.